União de Mocidade Presbiteriana

Federação | Presbitério Oeste da Paraíba
"Servos uns dos outros, pelo amor." (Gálatas 5.13)

Tempestade e Esperança (Atos 27)


Antes de mais nada, é sempre bom salientar que quando a palavra de Deus é exposta fidedignamente, o coração fica vazio de questionamentos e cheio de gratidão. Quanto mais escuto mais fico apaixonado pelo método de pregação expositiva. O modo como a bíblia é esmiuçada, torna as passagem antes obscurecidas pela falta de "tato" em aplicações fantásticas que sempre estiveram ali, claras e nítidas. Pois bem, hoje tive o privilégio concedido por Deus de ouvir uma exposição de um texto que passou várias vezes despercebidos aos olhos, mas que em rápidos minutos, me conduziu para um apego ainda maior pelas Escrituras.

Em Atos 27, é narrado por Lucas o período em que Paulo estava sendo levado a Roma em uma embarcação. Como testemunha ocular, o "médico amado" relatou precisamente todo o percurso feito desde o embarque até a chegada em Malta, com detalhes dignos de admiração. O tempo difícil e o vento forte cooperavam para a lentidão da viagem, até que em determinado momento o apóstolo alerta os condutores sobre o perigo de continuar a navegar naquelas águas (vs. 9). 

vs. 11 -  "Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao mestre do navio do que ao que Paulo dizia"
O primeiro a ser descrito no texto é Julio, um centurião que tratava Paulo com humanidade (vs. 1) mas a notável falta de instrução sobre barcos tirava a credibilidade do apostolo diante daqueles homens, visto que até o mais leigo navegador possuiria mais voz do que ele. Paulo entretanto, possuia um trunfo maior e mais poderoso do que conhecimento sobre navegação: a promessa do Deus vivo. Foi-lhe dito pelo próprio Deus que o evangelho seria proclamado através dele na cidade Roma. Deus não lhe disse qual percurso seria melhor, qual seria o meio que o levaria até lá, nem  o que ele iria encontrar pelo caminho. A ordem foi dada para que fosse a Roma. Os métodos estavam por conta de Deus. 

É bem mais fácil obedecer quando sabemos o modus operandi. É mais tranquilo seguir ordens quando fica claro como caminharemos. Paulo estava às escuras, agarrando tão somente a promessa de pregar o evangelho em Roma (At. 23:11). A bíblia não nos garante conforto nem isenção do sofrimento nessa vida, mas é nítido em toda a Escritura que Deus nunca desamparou um filho em meio as dificuldades. Quando o barco balançar e quando o vento cessar, é Ele que estará no controle. 

vs. 14 - "Entretanto, não muito depois, desencadeou-se, do lado da ilha, um tufão de vento, chamado Euroaquilão;"
Ao aportar em Bons Portos, possivelmente o tempo se mostrou favorável. Sucumbindo as previsões humanas, seguiram viagem, mas a rápida calmaria se transformou rapidamente num tufão. O tempo engana os condutores e o que parecia favorável, não muito depois aparece como uma tempestade perigosa e fatal para aquela embarcação. 

A autoconfiança acaba sutilmente levando o homem às tempestades dessa vida. A falsa tranquilidade cria um ambiente confortável e quando cremos em nossa intuição somos confrontados com as consequências sérias e não fortuitas de nossas decisões. Nem tudo que se apresenta bom, nos conduzirá a um caminho seguro. Quando não escutamos a promessa de Deus, até um tufão se mascara de calmaria. 

vs. 18 - "Açoitados severamente pela tormenta, no dia seguinte, já aliviavam o navio."
Com a constante agitação do barco e o grande peso das cargas, os tripulantes se viram forçados a esvaziar aquele cargueiro e se livrar daquilo que era desnecessário para a viagem continuar sem riscos maiores. 

O navio era cargueiro, e estava abarrotado de trigo, possivelmente a viagem estava acontecendo por causa da carga e não por causa dos encarcerados, mas chegou um momento em que aquilo que era prioridade (o trigo), virou um peso sem importância. 

Quando nos vemos em situações de risco, apenas o essencial permanece, as prioridades são reorganizadas e agora o que de fato tem importância será valorizado.  Em perigo de morte, a vida é mais importante do que qualquer outra coisa. As dificuldades aparecem nas nossas vidas para nos levar a refletir sobre nossas verdadeiras prioridades. "O que deve continuar comigo no barco? O que me fará afundar?" Essas perguntas acabam sendo inevitáveis e, semelhante aos marinheiros, nos vemos na única saída de se livrar daquilo que é pesado ou morreremos.

Então a esperança se vai
vs. 20 - "E, não aparecendo, havia já alguns dias, nem sol nem estrelas, caindo sobre nós grande tempestade, dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento."

As trevas estavam sugando toda força dos que estavam a bordo, principalmente a esperança que saíssem vivos daquela tempestade. Eles já haviam se esquecido da promessa feita por Deus para Paulo (vs. 24), e caiam nos próprios temores. O homem sem Deus vive em densa escuridão, morto em sua pecaminosidade, alheio a vontade de Deus e as Suas promessas. 

Um dia toda a esperança de redenção se esvairá definitivamente, mas em Cristo repousa o escape. Ele é a esperança de alcançar terra firme mesmo diante de um mar agitado. 
vs. 31 "disse Paulo ao centurião e aos soldados: Se estes não permanecerem a bordo, vós não podereis salvar-vos."
A promessa de Deus era clara e simples: todos serão salvos. Então, como explicar essa ameaça de morte? A responsabilidade do homem e a providencia soberana divina andam misteriosamente juntas. A promessa de Deus não é falível nem passível de dúvidas. A beleza da Escritura está também em seus mistérios. Como Deus promete salvar toda a tripulação e agora ameaça de morte caso não lhe obedeçam? Assim como no Éden, a transgressão resultou em morte, logo, parafraseando esse versículo: aqueles que não permanecerem no barco até o fim, não viverão para ver o cumprimento da promessa. Aqueles que se desviam do mandamento de Deus e não confiam em Sua palavra, receberão a justa punição por sua escolha.

A âncora da nossa esperança
vs. 40 -  Levantando as âncoras, deixaram-no ir ao mar, largando também as amarras do leme; e, alçando a vela de proa ao vento, dirigiram-se para a praia.
O fim daquela tormenta estava próximo. A ilha de Malta já era vista. A promessa de salvação não falhou. O barco, ainda que surrado e balançado pelo forte vento, não afundou, porque era o próprio Deus quem o guardava, e guardava com Sua palavra. Foi a promessa que sustentou aquele cargueiro. Foi a palavra do Senhor que protegeu aqueles duzentos e setenta e seis. 

No final, uns chegaram em tábuas, outros em destroços, mas todos - conforme o Senhor tinha dito - se salvaram. O fim do sofrimento pode parecer distante ou até impossível aos nossos olhos, mas quando Deus promete que susterá e será com o Seu povo até o fim, devemos pôr toda nossa confiança nessas palavras. Podemos chegar cansados mas nunca sem esperanças. O Deus que servimos é digno de confiança. Ele não é mutável nem volátil. Ele é o mesmo eternamente, e cumprirá a Sua palavra a seu tempo. 

A igreja deve ter ciência do Deus que serve, assim como Paulo teve, do contrário estarão todos entregues à própria lógica, razão, filosofias e ao que prega esse mundo decaído. Quando a base de sustentação não é Cristo, que é a pedra fundamental, todo e qualquer vento pode ser o último, e o homem rapidamente estará sem chance de escapar. 

Quando o barco não é guiado pela Palavra de Deus, qualquer ordem humana e insensata o levará ao naufrágio. Somente a Escritura tem a autoridade para renovar nossa esperança nas promessas de Deus e de redenção, e é nela que encontraremos Sua revelação plena e verdadeira. Somente Jesus Cristo tem o poder para garantir a nossa chegada a salvo, em terra firme, ancorados nEle, o nosso bom pastor e guia fiel.


É melhor confiar no SENHOR do que confiar no homem. - Salmos 118:8
por Lucas Araujo
lucasrickardson@gmail.com
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